Crítica do espetáculo “Alheamento” por Jéssica Michels

Laboratório Crítica Teatral 
Espetáculo “Alheamento”
Por Jéssica Michels

“Porque nós não éramos ninguém. Nem mesmo éramos alguma coisa”. Apenas duas frases que mostram parte da prosa poética da obra de Fernando Pessoa. O texto “Na floresta do Alheamento”, do Livro do Desassossego, ainda é um enigma da literatura.  E o grupo Cia. Vai! se apropria deste mistério e apresenta a dramatização repassando a pesquisa e a experiência  para o público. É subjetivo. Cada um interpreta e entende de acordo com as suas referências. E parece essa ser a proposta do diretor. Se o objetivo era conceber um espetáculo teatral por meio de um texto poético, que sugere inúmeras leituras e interpretações, é com profissionalismo e paixão que a Cia.Vai! desenvolve isso no palco. E o caráter poético e dramático do texto de Fernando Pessoa está impregnado na montagem. Todos os elementos cênicos trabalham em função desta poética. A iluminação, a trilha sonora, o figurino, o cenário e objetos apresentados no palco e, principalmente, os atores.  E é exatamente esse conjunto que forma a dramaturgia do espetáculo “Alheamento”.  Contudo, percebe-se a nítida necessidade de uma aproximação do espetáculo com a plateia, para que o mesmo atinja a sua força latente.

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